As ideias apresentadas pelo jurista britânico, Richard Susskind, na obra Tomorrow’s Lawyer, cuja primeira edição é datada de 2013, ainda podem soar um tanto quanto extravagantes, quiçá ousadas para o mercado jurídico da atualidade. Será mesmo?
Susskind apresenta nada mais, nada menos, que dezasseis fontes de serviços jurídicos para o mercado que se constrói a partir da tecnologia. Destacamos sete abaixo que podem, de certa forma, compor, neste exato momento, a lista de recrutamento das principais firma de advocacia do mundo.
São elas:
1- The Legal Knowledge Engineer: Encarregado de determinar os procedimentos e padronização que será incorporada no sistema computadorizado. Eles vão fazer a destilação do conteúdo jurídico e dados (principalmente do movimento Open Justice) que vai ser automatizado e, mais do que isso, como ele será automatizado.
2- The Legal Technologist: Basicamente são os gerenciadores das plataformas tecnológicas, atuando como uma espécie de web manager, com conhecimento da prática do direito e da engenharia de sistemas e gestão da tecnologia.
3-The Legal Hybrid: São profissionais multidisciplinares, atuando como psicólogos organizacionais, consultores de negócios, aconselhadores comerciais, ou mesmo contadores.
4- The Legal Process Analyst: É esse profissional que identificará as porções do serviço que podem ser decompostas e delegadas a terceiros. É quem vai analisar a decomposição do serviço já mencionada nesse resumo (análise de documento, pesquisa legal, gestão do Open Justice, etc).
5- The Legal Project Manager: Depois de realizada a decomposição do serviço pelo Legal Process Analyst, cabe a esse profissional alocar as tarefas para provedores apropriados. Ele lida não só com a escolha das equipes a realizar cada tarefa, mas também fiscaliza o cumprimento delas e aconselha. É análogo a um gerente de produção de uma fábrica. Susskind cunha o termo “Legal Supply-Chain Management” como a principal tarefa do Legal Project Manager.
6- Legal Data Scientist: é o responsável pela captura e análise de dados, identificar correlações, tendências, padrões tanto em estatísticas de conteúdo jurídico quanto geralmente. Para tal, exige-se um background em matemática e programação.
7- The Legal Risk Manager: O trabalho desses profissionais é mais voltado a evitar problemas jurídicos do que de resolvê-los. Realizam, portanto, ação preventiva através de uma análise de dados (data analytics) e riscos.
Até bem pouco tempo atrás, estes cargos nem sequer eram cogitados no ambiente jurídico. Não custa lembrar que a força da inovação é inexorável como o percurso da água: não adianta impedi-la. De alguma forma ela encontrará o seu caminho. De igual modo, é a conexão entre direito e tecnologia. Uma simbiose perfeita, ou seja, uma relação funcional estreita, harmónica e produtiva entre dois organismos distintos interagindo de modo ativo visando ao proveito mútuo. E, certamente, o profissional que reunir algumas das habilidades acima, sobreviverá na seleção natural que já está em curso.
