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Lisboa, a cidade das startups?

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Não é novidade para ninguém que o Silicon Valley, na Califórnia, é o principal polo de empreendedorismo no mundo. Essa liderança, naturalmente, é fruto de uma série de fatores, que vem sendo implementada há muitos anos. Walter Isaacson, o biografo de Steve Jobs, refere que esse fenómeno só ocorre quando sementes maduras caem em solo fértil. Na realidade, esse processo de sucesso conta com quatro fatores-chave.

O primeiro é o acesso ao conhecimento, o chamado know how, imprescindível para se construir os projetos inovadores. Universidades, Polos Tecnológicos e investimento maciço em pesquisa e desenvolvimento, sejam eles público ou privado, apresentam-se como indispensável para esse pilar.

O segundo é a chamada atitude de rebeldia, a tão badalada disrupção, onde o empreendedor afronta os padrões já existentes e ambiciona mudar o mundo com as suas ideias. Elon Musk é tido como um rebelde, ao apostar em carros movidos a eletricidade quando o assunto ainda era incipiente.

O terceiro é o capital, ou seja, investidores, fundos e as nomeadas corporate venture capital, que jogam com o risco e estão dispostas a injetar grandes somas de dinheiro nessas startups. Foi, aliás, este segmento que moveu a economia em tempos de crise na pandemia. Os principais radares do mercado, como CB Insights e TechCrunch, confirmam que a maior aposta, atualmente, para retorno de capital e, ainda, a sobrevivência para empresas tradicionais em inovarem, é investir nesse tipo de empresas de crescimento rápido e exponencial.

Cada um dos três fatores citados caminham em conjunto e fazem uma mistura explosiva. Se um ecossistema só existir capital de risco, prevalecerá o domínio dos recursos naturais, como acontecesse no Golfo Pérsico com o petróleo, por exemplo. Se adicionar o conhecimento, esses mercados tendem a se concentrar dentro das empresas já estabelecidas, ou seja, sem inovação. Se existir só conhecimento, tornam-se economias de mercado. É exemplo a Índia, especializada em exportar bons programadores para clientes de outros países. E quando há somente a atitude disruptiva, formam-se economias de subsistência, ou seja, ativismo social e criações artísticas, mas sem se construir grandes negócios. O Brasil, por exemplo, conhecido por seu vasto mercado consumidor e com mais de dez startups unicórnios, ocupa somente a décima-segunda posição no ranking de centros mundiais de inovação e empreendedorismo e perderá posições no próximo.

Lisboa, felizmente, está no caminho certo. A cidade reúne dois dos atributos acima, como o know how e uma efervescência cosmopolita que a credencia a ter rebeldia, além de já desenvolver um quarto e novo aspeto, consistente na criação de centros de empreendedorismo, como acontece na Tech City de Londres, um excelente benchmarking. Mas se usarmos outro exemplo, de Tel Aviv, Israel, alçada a Nação Startup, pelos jornalistas Dan Senor e Saul Singer, é de se notar que ainda é preciso de algo a Lisboa para descolar.

Falta-lhe, contudo, maior jogo com o capital de risco. É imprescindível que fundos de venture capital, ou uma maior predisposição da classe empresarial local a apostas, surjam em maior número, afinal sem dinheiro disponível, a semente plantada, mesmo em solo fértil, pode ser estéril ou demorar demasiado a nascer. Tratando-se de um setor cada vez mais acelerado, as ações poderão chegar tarde demais. A hora é agora.

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